segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pré-época * FC Porto 1 - SC Preussen 1*



Crónica publicada no jornal "O Jogo"
PEDRO MARQUES COSTA/TOMAZ ANDRADE, enviados a Marienfeld (Alemanha)
Crónica de TOMAZ ANDRADE

Moutinho aponta Falcao à barra



Kieszek(Helton, 31' e depois Ventura, 61'); Miguel Lopes (Sapunaru, 46'), Stepanov, (André Pinto, 46') Sereno (Maicon, 46') e Addy (Emídio Rafael, 46'); Souza (Tomás Costa, 31' e depois Fernando, 61'), Belluschi (João Moutinho, 46') e Rúben Micael (Castro, 46'); Hulk (Ukra, 46'), Farías (Falcao, 46') e e James (Pipo, 61')

ao intervalo 1-1; Golos 4' Hulk ; 23' Bourgalt
Partindo do princípio que o jogo-treino com o Tourizense não contou, porque se realizou à porta fechada, o primeiro teste do FC Porto de André Villas-Boas terminou com um empate a um golo. O SC Preussen joga na IV Divisão alemã e, por isso, o resultado só pode ser considerado fraco. Mas, claro, há muitas condicionantes, a começar pelas elevadas temperaturas (a rondar os 35 graus) e o cansaço dos jogadores, passando pela deficiente, e compreensível, falta de entrosamento entre sectores e terminando na utilização de duas dúzias de jogadores ao longo da partida. O resultado, numa justificação simplista, explica-se também com os erros defensivos que permitiram o golo dos alemães e uma pontaria demasiado afinada de Falcao, que rematou duas vezes à barra na segunda parte. Certeza também há uma: Villas-Boas tem muito trabalho pela frente. Mas também há coisas boas para contar. James Rodríguez deu boas indicações e João Moutinho já se entende com Falcao.

Às 15 horas, Munster era um forno, mas os jogadores entregaram-se à luta como puderam. Com o ex-internacional alemão Pierre Littbarski a ver o jogo na bancada, Hulk, equipado com uns calções térmicos para queimar mais gorduras, começou logo a fazer diabruras. E à segunda conseguiu um grande golo. A partir da direita, e com a Jabulani no pé, flectiu para o meio e rematou forte, ao ângulo direito da baliza alemã. Animado, pouco depois rematou mais uma vez e a bola rasou o poste direito. Parecia que Hulk era capaz de ganhar o jogo sozinho ou ligeiramente acompanhado, porque James, do outro lado, também colava a bola ao pé e tentava o golo (esteve perto, perto), se bem que lhe tenha faltado capacidade de explosão.

Depois vieram os erros defensivos do FC Porto. Sereno não conseguiu o corte sobre a direita (compensava Addy), Stepanov aliviou mal e Souza não conseguiu tirar a bola da defesa. Apareceu Bourgalt, solto, a rematar sem hipóteses para Kieszek. Empate aos 23 minutos com um golo com culpas tripartidas.

Na segunda parte jogou outra equipa, composta também por muitos reforços e até um jogador da formação, e a verdade é que o FC Porto dominou o jogo, embora sem conseguir chegar à vitória. João Moutinho esteve bem a alimentar o ataque e, por duas vezes, serviu Falcao. A barra devolveu os remates (primeiro de cabeça e depois com o pé) do colombiano. O resultado também se explica por isto.


Rodríguez lesionado

Nem todos os jogadores foram utilizados por Villas-Boas no jogo de ontem. De fora ficaram os lesionados Mariano, Varela e Guarín. O guarda-redes Samir também não foi utilizado, ficando a nota de maior destaque para a ausência de Rodríguez com uma contusão no joelho direito. Apesar do jogo, ontem de manhã houve treino em Marienfeld.


Moutinho ovacionado

Um a um, os jogadores do FC Porto foram anunciados ao público por uma emigrante portuguesa. Com certa dificuldade na pronúncia de alguns nomes, como o do guarda-redes polaco Kieszek, a "speaker" não vacilou quando anunciou jogadores como João Moutinho ou Hulk, o ex-leão foi mesmo o mais aplaudido pela assistência.


Três mil nas bancadas

Duas de quatro bancadas do Estádio do Preussen encheram-se para ver os jogadores do FC Porto. Os bilhetes custaram 12 euros, preço único, e os emigrantes portugueses da região apareceram em bom número. Digamos que metade da assistência era alemã e a outra portuguesa, chegando aos três mil espectadores. No fim do amigável houve festa.


André Villas-Boas mantém sistema

4x3x3
Defesa à zona

O esquema táctico escolhido, o 4x3x3, não surpreendeu ninguém. O trinco (Souza e depois Tomás Costa) tentou dar rapidez ao jogo, jogando sempre para a frente. Sem bola, toda a equipa tinha de defender e fazer muita pressão sobre o adversário. A marcação foi feita à zona.

4x3x3
Moutinho à solta

A pouca distância entre os sectores foi uma preocupação, de forma a encurtar espaço e poupar no desgaste. Com Fernando a tentar alguns passes longos (uma novidade), Moutinho aproveitou o estilo de combate de Castro para pisar várias zonas do meio-campo e servir o ataque.

Os novos um a um

James Rodríguez deu nas vistas e reclama um lugar no ataque


Kieszek

Estreia infeliz com a camisola do FC Porto. Sofreu um golo - sem que tivesse grandes possibilidades de defesa - no único remate que a equipa do Preussen fez durante o tempo em que esteve em campo.

Sereno

Dois erros graves mancharam-lhe a exibição. No primeiro, não conseguiu impedir Guvensik de cruzar para a área, na jogada que daria o golo do Preussen (23'); mais tarde, um mau domínio de bola permitiu que a equipa alemã dispusesse de uma grande oportunidade para marcar (35').

Souza

Surgiu na equipa titular à frente da defesa, mas o jogo de ontem deu para perceber que é diferente de Fernando. Mais alto, melhor toque de bola, mas aparentemente menos rápido e agressivo do que o compatriota. Com a bola nos pés, decidiu sempre bem, embora não tenha arriscado muito ao nível do passe.

James

Demonstrou capacidades capazes de o transformar, a curto prazo, numa das surpresas desta equipa. Tem uma técnica excelente, atrevimento para arriscar nas jogadas individuais e uma enorme vontade de se mostrar - andou quase sempre de braço no ar a pedir a bola. Ainda teve duas oportunidades para marcar, mas acabou por ver o guarda-redes adversário negar-lhe o golo. Uma nota menos positiva: faltou-lhe alguma explosão no arranque, provavelmente provocada pelo desgaste dos treinos.

Emídio Rafael

Menos de 24 horas depois de chegar à Alemanha, entrou no primeiro jogo pelo FC Porto nervoso e acumulou pequenos erros técnicos que com o passar do tempo desapareceram. Preocupou-se em emprestar profundidade ao ataque, sem grandes efeitos práticos.

Moutinho

Três grandes passes para Falcao finalizar são o melhor exemplo daquilo que o médio pode acrescentar a esta equipa. Apareceu entrosado com os companheiros, sobretudo o colombiano, e sem problemas para assumir o jogo da equipa, tendo acabado por ser um dos melhores em campo.

André Pinto

Fez uma boa dupla com Maicon.

Castro

Excelente atitude competitiva. Mostrou raça e vontade de agarrar o jogo a meio-campo.

Ukra

Assumiu as iniciativas individuais sem problemas, mas preferiu jogar mais para a equipa. 


Os antigos um a um

Miguel Lopes

Grande disponibilidade física para percorrer todo o corredor direito. Apareceu bem e integrou-se com facilidade nas acções ofensivas.

Stepanov

No golo do Preussen, não conseguiu resolver da melhor forma um cruzamento que caiu no seu raio de acção.

Addy

Exibição muito discreta. Eficaz a defender, mas pouco atrevido em termos ofensivos.

Belluschi

O argentino surgiu na equipa titular, mas voltou a cometer os mesmos erros do passado: conseguiu alternar pormenores interessantes com alguns erros infantis.

Rúben Micael

Envergou pela primeira vez a braçadeira de capitão mas esteve ausente do jogo. Nunca conseguiu pegar na equipa a meio-campo.

Hulk

Abriu o jogo com um grande golo: arranque da direita, dois passos para dentro e remate indefensável ao ângulo mais distante. Foi o mais perigoso da equipa.

Farías

Poucos minutos depois do início do jogo denotou grandes dificuldades físicas para ir buscar uma bola relativamente acessível.

Helton

Fez a defesa da tarde já em cima do intervalo, numa intervenção por instinto a interceptar um remate à entrada da pequena área.

Tomás Costa

Voltou a jogar a trinco, longe da posição que mais gosta, e teve a preocupação de sair a jogar.

Sapunaru

Podia ter acrescentado um golo à tranquilidade defensiva que demonstrou, mas o remate saiu por cima.

Maicon

Trouxe à equipa a serenidade defensiva que faltou na primeira parte.

Falcao

Três oportunidades para marcar redundaram em dois remates à barra. O instinto goleador continua intacto.

Ventura

Trinta minutos em campo sem trabalho digno de registo.

Fernando

Trouxe maior estabilidade ao sector defensivo e acrescentou-lhe ainda uma enorme vontade de corresponder às novas exigências do treinador.

Pipo

Encostou-se à esquerda e sobressaiu pela vontade que emprestou a todos os lances.


André Villas-Boas: «No caminho certo»

Após o jogo com o SC Preussen, o treinador André Villas-Boas falou sobre o primeiro ensaio neste estágio e acerca da progressão da equipa do FC Porto.

Calor condicionou

«Sim, mas sem desculpas, acho que também houve alguma passividade e um ritmo um pouco lento. Mas acho que caminhamos para boas dinâmicas. Obviamente que o calor não ajuda, mas não é desculpa para o que se fez. Houve alguns progressos na segunda parte, mas sobretudo o importante é ganhar dinâmicas e o mais rápido possível. Temos de tentar encontrá-la em breves momentos e foi isso que fizemos a espaços. Tivemos algumas oportunidades de golo. Passo a passo, continuar a afinar a máquina para chegar à Supertaça em condições máximas de disputar o troféu.»

Colectivo é que satisfaz

«Espero enquadramento da parte de todos. Não me satisfaz apenas o entrosamento de dois jogadores, mas sim o de um todo, de um colectivo. E acho que isso não ficou ainda demonstrado. Pequenos passos, pequenas arestas a limar, mas no caminho certo, sem dúvida»


Passo a passo

«Há uma diferença notória que vocês também têm testemunhado. Esta equipa tem quatro anos de hábitos ganhadores, queremos continuar com esses hábitos, mas imprimir um estilo novo. Todos esses passos são passos que demoram, porque são hábitos que estiveram implementados muito tempo. Resta encontrar um equilíbrio entre o que pretendemos no futuro e o que temos de positivo desses quatro anos. Esse enquadramento não é fácil para os jogadores, que são confrontados com uma realidade nova, uma realidade nova de treino e de jogo, e demorará sempre um pouco a atingir. Penso que, lentamente, até ao jogo com o Ajax e depois com a Sampdória já possamos fazer coisas mais positivas. Mas o que importa é ganhar ritmo, sempre desta lógica de 45 minutos para cada equipa. Portanto, também vêem essa preocupação nossa de dar minutos a toda a gente.»

Fotos e declarações de AVB retiradas do site oficial do clube

6 comentários:

Anónimo disse...

Não tive ainda oportunidade de ver o jogo a não ser agora neste excelente blog azul e branco que não percebo como tem tem poucas pessoas a comenta-lo.Segundo deu para perceber e dadas as circusntançias do jogo não deu ainda para avaliar o trabalho do AVB e dos nossos novos reforços sendo que parece-me que até agora o James Rodriguez foi aquele que mais se destacou.Espera contudo uma vitória frente a uns amadores mas tal não foi possivel.Acho que o teste a sério de pré-época vai ser contra o Ajax.E esperar maior entrosamento visto que daqui a menos de um mês temos uma final cujo o resultado não pode ser menos que mais uma taça para o dragão.Bem haja e saudações desPORTISTAS.

Dragus Invictus disse...

Olá amigo, bem vindo ao blogue.

Agradeço os seus elogios ao blogue.
O nosso Porto está a carburar, e vamos estar prontos para os confrontos que se avizinham:)

O AVB está a implementar as ideias dele, e para isso precisa do seu tempo.

Pena ainda não contar com os mundialistas, nem ainda estarem definidas as situações de Meireles, Fucile e Bruno Alves.

Precisamos de estabelecer um capitão/líder para o grupo e se o Bruno sair contratar um central experiente.

Abraço e volte sempre

Anónimo disse...

O AVB apela e muito á posição táctica e ao jogo de cariz táctico e como tal concordo que ainda demore até aos jogadores assimilarem os planos do treinador.
Na nossa defesa concordo que neste momento está desmazelada e a ver vamos se o BAlves vais estar com os pés e cabeça em Portugal caso fique.O RMicael parece-me algo lento e acusa muito o cansaço acho que dificilmente aguenta uma época inteira ao mais alto nivel.

Quanto ao resto acho que temos demasiados jogadores e como tal deveriamos formar um plantel com 14jogadores no máximo imprescindivéis.

Saudações

Dragus Invictus disse...

Não podemos cair no erro de ficar com jogadores descontentes.
Temos de compreender que ao fim de tantos campeonatos ganhos pelo clube, um jogador já só ambicione "o contrato da vida dele". Já não se fazem jogadores que jogavam por amor à camisola, em que vestir de azul e branco mais que uma profissão era uma missão.

Quanto ao plantel, temos imensos jogadores dispensáveis. Espero que não "queimem" os jovens Ukra e Castro.

Ora, nós já temos 5 médios/alas (Mariano, Ukra, Varela, James, Cebola) podendo ser 6 uma vez que Hulk faz o posição. Daqui poderia sair uma dispensa ...

Mais uma vez quem vai ser dispensado ... vão sacrificar o Ukra?!? Ou vender o Mariano?!? O Ukra merece uma oportunidade. O Mariano ... devido à lesão que teve, penso que o FC Porto não irá fazer dispensa-lo, embora fosse o mais lógico.

Temos também agora 8 médios centro, isto se Meireles sair: Fernando, Souza, Belluschi, Guarin, Rúben Micael, Tomás Costa, Castro e Moutinho !!!

Irão ser dispensados Tomás Costa e Castro?!? Castro acho um erro dispensar...

Agora com a contratação que acho que foi boa de Emídio Rafael, e deslocação de Fucile para a direita, passamos a ter 3 alternativas para o lado direito da defesa. Quem será dispensado ou transferido?! Eu ficava com Sapunaru e Fucile ...

Possíveis dispensas:
Farias (a título definitivo)
André Pinto (empréstimo)
Tomás Costa(a título definitivo)
1 dos 3 defesas direitos

Possível aquisição:
Rodriguez, central do Braga
Diego Ângelo, central da Naval

Embora preferisse um central de categoria internacional e experiente.


Agora o sistema tácito a implementar é que irá ditar quem será dispensável e as aquisições necessárias.

Abraço

Dragus Invictus disse...

http://pronunciadodragao.blogspot.com/2010/06/plantel-20092010.html

Anónimo disse...

O AVB deve estar com dores de cabeça para definir o plantel principalmente a nivel de meio-campo e extremos,temos imensos jogadores de grande qualidade,acho que em termos de qualidade estamos num patamar idêntico pós-champions 2004, e nesse ano ficamos arredados do titulo.Temos de ter precauções e ajuizar muito bem porque como se sabe não jogando jogadores de grande qualidade pode dar azo a destabilização dentro do balneário.Falta-nos um grande capitão dentro de campo,caso o BAlves saia.

Abraço