quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"Largos dias tem 100 anos e Pedroto voltou ao FC Porto"

Enquadramento histórico do regresso ao FC Porto de Pedroto:
Após a passagem pelo Vitoria de Guimarães a sua carreira no futebol prosseguiu regressando novamente ao FC Porto, já com Pinto da Costa na presidência do principal clube da cidade invicta.

O Vitoria SC e os seus dirigentes tudo fizeram para manter José Maria Pedroto no cargo de treinador da equipa principal. Os vimaranenses terão mesmo oferecido um salário de 1.500 contos por mês, quantia superior aquela que José Maria Pedroto foi auferir como técnico do FC Porto.
Foi a partir da época de 1982/83 que a dupla José Maria Pedroto e Pinto da Costa começaram a lançar os alicerces do FC Porto que na década de 80 chegou a conquistar os títulos de Campeão Europeu e do Mundo.

Este regressou ficou marcado todavia pela grave doença que apoquentou o técnico. Conquistou ainda no activo a Taça de Portugal na temporada de 1983/84 derrotando na final da competição a celebre equipa do Rio Ave FC por 4-1.

Foi a 10ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1983/84 que José Maria Pedroto se viu obrigado a abandonar a orientação da equipa do FC Porto por causa do cancro que lhe havia sido diagnosticado. Em Janeiro de 1984 foi internado em Londres afim de ser submetido a tratamentos deixando o comando da equipa aos seus adjuntos António Morais e João Mota.

Nessa mesma época assistiu em casa à final da Taças das Taças em Basileia entre o seu FC Porto e a Juventus de Itália. O FC Porto foi derrotado por 2-1 perdendo a competição para a equipa transalpina.

José Maria Carvalho Pedroto acabou por falecer na manha do dia 8 de Janeiro do ano de 1985, com 56 anos de idade, sucumbido à doença que o corroía imparavelmente. Durante a madrugada do dia do seu falecimento, já visivelmente debilitado, tentou satisfazer os seus últimos desejos, bebendo whisky por uma colher e tentando fumar o último cigarro.

Terminou assim a vida de homem invulgar que seguramente marcou uma época e um estilo no futebol português. Não viu, em vida, cumprir-se o seu maior sonho, ver o FC Porto Campeão da Europa e do Mundo.
Terminou a vida, mas não terminou de forma alguma o mito que permanece no futebol português de um mestre José Maria Pedroto, o carinhoso e popularmente conhecido como o “Zé do Boné”.

Biografia de Pedroto * Jogador * Treinador (clica para visualizar)

Um mestre como treinador, como futebolista um estratega, professor e amigo solidário, mas acérrimo defensor dos seus ideais, assim se define a personalidade de José Maria Pedroto, vector determinante no sucesso actual do FC Porto.

Dizia, muitas vezes, que havia jogadores que embora “grandes pintores não vendiam quadros”, mas ele seria, se fosse hábil no manuseamento das paletas de cores e dos pincéis, um “génio sem igual”, pelo traço de modernidade que ofereceu “a uma nova era do futebol português”. Reconhecido por todos como um dos mais influentes treinadores portugueses, por tudo aquilo que ofereceu à modalidade e aos clubes pelos quais passou, José Maria Pedroto apresenta-se como uma figura quase consensual no panorama lusitano e ainda hoje, após o seu desaparecimento, a sua influência se faz sentir em todos os quadrantes do futebol indígena.

Nascido a 21 de Outubro de 1928, em Almacave, Lamego, José Maria Carvalho Pedroto foi uma pessoa de “grande qualidade”, apreciador “dos jogadores fortes tecnicamente”, afinal, como ele tinha sido, recordou à Agência Lusa Artur Jorge, que com o “Zé do Boné” protagonizou umas das mais sucedidas duplas nos bancos de futebol em Portugal. Morreu na manhã de 8 de Janeiro de 1985.

Pinto da Costa garante que José Maria Pedroto foi o cúmplice ideal na estratégia de crescimento nacional e internacional do FC Porto, partilha os maiores êxitos com o "mestre" e eleva-o à categoria dos ilustres da história de Portugal.

"Tínhamos identificação perfeita. Sabíamos o que ambicionávamos para o clube. Tudo o que se conseguiu foi um sonho que desde o princípio tivemos em mente. Infelizmente, só teve a oportunidade de assistir à final de Basileia, pela TV. Já não esteve nos grandes sucessos europeus do FC Porto, mas, não tirando o mérito a quem os conquistou, não há duvida que os alicerces de tudo o que se fez foram lançados com ele e por ele".

O dirigente eleva "Zé do boné" a níveis ímpares: "Mais do que um treinador, Pedroto foi um grande homem, com uma personalidade vincada, com uma verticalidade exemplar. Um defensor das causas em que acreditava, um lutador. Teria sido grande em qualquer actividade pela qual tivesse enveredado, pois era um homem excepcionalmente inteligente e de palavra, o que infelizmente é raro. Um homem excepcional".

Trago até vós o artigo "Largos dias tem 100 anos e Pedroto voltou ao FC Porto", publicado na revista Dragões nº. 1 em 25 de Abril de 1985.


“Largos dias tem cem anos e Pedroto voltou ao FC Porto”

(Clique na imagem para visualizar)


Fontes: Sportinveste Multimédia, Lusa, diario.iol.pt, exemplar da Revista Dragões nº.1.

1 comentário:

P. Ungaro disse...

Mais um belo post !!! vivemos do presente sem esquecer o nosso passado !!! Pedroto foi um visionario ... um homem muito a frente do seu tempo e foi com ele e com PC que se deu a viragem no futebol portugues.

Um abraço

Paulo U.

http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.com/