Vítor Pereira é o novo treinador do FC Porto. O até aqui adjunto de André Villas-Boas vai assumir o comando técnico da equipa, tendo assinado um contrato por duas épocas.
Pinto da Costa em conferência de à imprensa às 18 horas apresentou o novo treinador.
Numa altura conturbada na vida do F.C. Porto, depois da saída de André Villas-Boas para o Chelsea, Pinto da Costa não perdeu tempo e tratou de assegurar rapidamente um sucessor.
O FC Porto anunciou hoje que Vítor Pereira, ex-treinador adjunto do clube, será o técnico da equipa principal de futebol, e que recebeu o valor da cláusula de rescisão de André Villas-Boas.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os "dragões" informam que "a Futebol Clube do Porto -- Futebol, SAD que celebrou, na presente data, com o novo treinador da sua equipa principal, o Professor Vitor Manuel de Oliveira Lopes Pereira, um contrato de trabalho desportivo, válido por duas épocas e com início de funções imediato".
No mesmo comunicado, a SAD do FC Porto dá ainda conta à CMVM "que recebeu do Senhor André Villas-Boas o montante previsto na cláusula de rescisão do seu Contrato de Trabalho Desportivo, pelo que a consumação da rescisão do seu vínculo laboral e desportivo com a Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD apenas depende da formalização do respectivo instrumento de rescisão contratual".
Vítor Pereira, o novo treinador do F.C. Porto, fica com uma cláusula de rescisão superior à do seu antecessor. Se André Villas-Boas deixou o Dragão a troco de 15 milhões de euros, qualquer clube que queira contratar o antigo adjunto terá de desembolsar mais três.
Refira-se que a apresentação do novo técnico ficou marcada pela presença de vários dirigentes e personalidades ligadas ao clube portista. Aliás, quando surgiu o anúncio, ouviu-se uma enorme salva de palmas no auditório do Dragão.
«A cláusula de rescisão é de 18 milhões, já para prever a inflação», disse Pinto da Costa. O presidente portista revelou ainda que o novo contrato, assinado pouco antes da cerimónia de apresentação, é válido por duas épocas.
Pinto da Costa recusa negociar jogadores
Quem estiver interessado em contratar jogadores ao FC Porto, terá de bater a cláusula de rescisão prevista nos respectivos contratos. «Não haverá conversa», garante Pinto da Costa.
«Se há contratos com cláusulas de rescisão, temos de estar preparados para que algum jogador queira sair se baterem o valor estipulado», afirmou o presidente dos azuis-e-brancos.
«Não irei a país algum para negociar. Tal como sucedeu com André Villas Boas, não haverá conversa: existe um número de conta e dinheiro posto lá», disparou, desconhecendo qualquer movimentação do Chelsea no sentido de se reforçar no plantel portista.
«Não nos chegou qualquer interesse do Chelsea em jogadores nossos. Não temos qualquer contacto para a cedência de jogadores e desconhecemos a intenção de qualquer um deles em sair».
Vítor Pereira, o treinador táctico (perfil)
in maisfutebol.iol.pt
Elogiado pelos antigos jogadores, o novo técnico do F.C. Porto percorreu uma carreira modesta como atleta até mergulhar nos livros... e nos conceitos de jogo
Natural de Espinho, onde nasceu há 42 anos, Vítor Pereira surgiu no futebol com um jogador mediano. Fez carreira em clubes secundários, mas sempre com um olho na carreira de treinador. Por isso, e ainda antes de pendurar as chuteiras, tratou de se inscrever na Faculdade de Educação Física.
Na faculdade conheceu Vítor Frade, que viria a ter uma importância decisiva na carreira do treinador. Para trás deixou uma carreira modesta em clubes como o Fiães ou o Avanca. «Era um jogador com uma cultura táctica acima da média, mas não era dotado tecnicamente. Era um elemento de equipa.»
As palavras são de Filó, também ele de Espinho, antigo colega e antigo capitão de Vítor Pereira. «Era um jogador à imagem do André, que jogou no F.C. Porto. Era um médio-defensivo muito rigoroso e que trabalhava para a equipa.» Percebeu-se logo, adianta, que ia ser melhor treinador do que foi jogador.
Mergulhou nos livros, interessou-se pela táctica e impressionou o professor Vítor Frade. Ao ponto de ter conseguido por aí abrir portas. Começou por trabalhar nos sub-15 do F.C. Porto, onde orientou, por exemplo, Caetano. «Já na altura se notava que era muito táctico», conta o extremo do P. Ferreira.
«Tínhamos 14 anos e ele já trabalhava connosco todos os conceitos tácticos: posicionamentos defensivo e ofensivo, a defesa zonal, enfim, tudo. Nós olhávamos uns para os outros e pensávamos: o que ele está aqui a fazer? Via-se claramente que era bom de mais para estar nos iniciados», acrescenta.
O futebol sénior e um discurso quase... arrogante
Por isso três anos depois tratou de arriscar o futebol sénior. A primeira experiência foi na Sanjoanense, por onde já tinha passado enquanto jogador e onde foi substituir Luís Castro - o agora responsável pelo futebol juvenil do F.C. Porto tinha dado entretanto o salto para o Penafiel.
Após um ano recebeu o convite do clube da terra. Em Espinho surpreendeu pelo tom do discurso: ousado. «Era um treinador exigente e que se preocupava muito em mostrar ambição. A mensagem que transmitia era de vitória e de quem queria chegar a níveis muito elevados», diz Filó.
O discurso audacioso, que chegava a parecer arrogante, vinha embrulhado em vários conhecimentos. «Aprendi muito com ele. Dominava todos os conceitos de jogo: posicionamentos defensivo, ofensivo, de posse de bola, pressão zonal. Enfim, aspectos que são a escola do F.C. Porto.»
Ora o F.C. Porto, precisamente, foi sempre a ambição de Vítor Pereira. Por isso, e depois de dois anos nos Açores, preferiu adiar a primeira experiência enquanto treinador principal da Liga (P. Ferreira e Académica chegaram a querê-lo), para regressar ao F.C. Porto, como adjunto de Villas-Boas.
Para trás deixou dois anos no Santa Clara profundamente cruéis: nas duas temporadas, falhou a subida na última jornada. Parecia um homem de pé-frio, ele que nunca alcançou um título enquanto treinador principal sénior, até que o convite de Antero Henrique para se tornar no adjunto da casa mudou tudo.
O regresso ao F.C. Porto e a escolha da continuidade
Ao lado de Villas-Boas, Vítor Pereira chegou a impressionar pelo protagonismo assumido nos treinos, por vezes superior ao do próprio chefe de equipa. Por isso, e quando em Dezembro lhe perguntaram que treinadores mais o seduziam, Pinto da Costa disse os nomes de Leonardo Jardim e... Vítor Pereira.
Orientar o F.C. Porto não é de resto completamente novo para o treinador: em Guimarães, em Alvalade e em Setúbal, quando Villas-Boas foi expulso, foi ele que ficou como chefe de equipa. De resto, a escolha para o ser em definitivo parece óbvia: é uma continuação dos conceitos tácticos de Villas-Boas.
Como o antigo chefe de equipa, também Vítor Pereira domina por completo os conceitos: periodização, controlo do espaço, zona pressing ou lado cego do adversário. Além disso está dentro do balneário. «Como pessoa é excelente. Excelente mesmo. Toda a gente gosta dele», diz Caetano.
Publicado no jornal "O Jogo"
A táctica
Dois sistemas
Vítor Pereira já foi um fundamentalista táctico. Foi no início da carreira, mas cedo percebeu que tinha de adaptar a táctica aos jogadores em vez de tentar o contrário. O sistema preferido é o 4x3x3, mas há um alternativo. Micas conta como é. "Usámos muitas vezes o 4x3x3, mas também o 4x4x2. Dependia dos jogos. O Vítor Pereira tenta perceber como é que o jogador se sente bem em termos tácticos. Há uma adaptação mútua entre treinador e jogador e, para tal, a comunicação entre eles é muito importante".
A preparação absoluta
Cartas ou vídeo jogos são passatempos comuns entre os jogadores. Vítor Pereira não os proíbe, mas impõe algumas regras. Por exemplo, à medida que se aproxima um jogo é exigida concentração máxima. "Ele não gostava que jogássemos cartas se o jogo estivesse próximo. Na véspera não há problema, mas no dia do jogo, não. A preparação para a competição começa no estágio", conta Micas.
O treino
Competitividade extrema
O treinador do FC Porto gosta de sessões de trabalho intensas. Duram entre uma hora e meia e duas horas e são encaradas com todo o profissionalismo. Ainda assim, há espaço para algumas brincadeiras, que no fundo são um disfarce da competição, de acordo com Micas. "Há muita competitividade e todos treinam no máximo. Mas, mais para o final da semana, quando os treinos são menos exigentes do ponto de vista físico para não haver sobrecarga, costuma haver apostas nas peladinhas. Um euro ou dois era quanto tinham que pagar os jogadores que perdiam. Depois íamos jantar". Vítor Pereira também dá muita atenção ao "treino individualizado e táctico". Aliás, essa era uma das suas funções na época passada.
Vítor Frade "Vive, respira e pensa futebol 24 horas por dia"
O FC Porto vai continuar a jogar um futebol atractivo e dominador. A garantia foi dada por Vítor Frade, professor de Vítor Pereira na Faculdade de Ciências do Desporto e da Educação Física do Porto (FCDEF) e, por isso mesmo, uma das vozes mais autorizadas para falar daquilo que se pode esperar do novo treinador portista. Vítor Frade, que na condição de adjunto de Bobby Robson, também deu as boas vindas ao FC Porto a André Villas-Boas, não tem dúvidas em usar os mesmos adjectivos que atribuiu ao actual treinador do Chelsea há cerca de um ano numa conversa com O JOGO. "Como disse há um ano, o talento, o verdadeiro talento, só precisa de uma oportunidade. O André teve a dele, e agora é a vez do Vítor que é um talento com um potencial tremendo", sublinhou, considerando a sua escolha para o cargo de treinador principal dos campeões nacionais "lógica para o clube, e a sequência natural para uma carreira em crescendo".
Vítor Frade foi o responsável pelo desenvolvimento da "Periodização Táctica", um método de treino que consiste em distribuir no tempo a aquisição de comportamentos inerentes a uma forma de jogar concreta, com o subjacente arrastamento das dimensões técnica, física e mental, que José Mourinho, André Villas-Boas e Vítor Pereira seguiram, embora com adaptações às ideias e conceitos de cada um.
De resto, o actual treinador do FC Porto "sempre se destacou" durante o tempo passado no FCDEF sublinha Vítor Frade. "É um daqueles treinadores que vivem, respiram e pensam futebol 24 horas por dia. É um grande talento que só estava à espera de uma oportunidade como esta para explodir" frisa Vítor Frade que augura o melhor para o novo treinador portista. "Tem todas as condições para ter sucesso e dar continuidade ao trabalho que tem sido realizado desde há vários anos pelo FC Porto", concluiu.
Publicado no jornal "O Jogo"
A táctica
Dois sistemas
Vítor Pereira já foi um fundamentalista táctico. Foi no início da carreira, mas cedo percebeu que tinha de adaptar a táctica aos jogadores em vez de tentar o contrário. O sistema preferido é o 4x3x3, mas há um alternativo. Micas conta como é. "Usámos muitas vezes o 4x3x3, mas também o 4x4x2. Dependia dos jogos. O Vítor Pereira tenta perceber como é que o jogador se sente bem em termos tácticos. Há uma adaptação mútua entre treinador e jogador e, para tal, a comunicação entre eles é muito importante".
A preparação absoluta
Cartas ou vídeo jogos são passatempos comuns entre os jogadores. Vítor Pereira não os proíbe, mas impõe algumas regras. Por exemplo, à medida que se aproxima um jogo é exigida concentração máxima. "Ele não gostava que jogássemos cartas se o jogo estivesse próximo. Na véspera não há problema, mas no dia do jogo, não. A preparação para a competição começa no estágio", conta Micas.
O treino
Competitividade extrema
O treinador do FC Porto gosta de sessões de trabalho intensas. Duram entre uma hora e meia e duas horas e são encaradas com todo o profissionalismo. Ainda assim, há espaço para algumas brincadeiras, que no fundo são um disfarce da competição, de acordo com Micas. "Há muita competitividade e todos treinam no máximo. Mas, mais para o final da semana, quando os treinos são menos exigentes do ponto de vista físico para não haver sobrecarga, costuma haver apostas nas peladinhas. Um euro ou dois era quanto tinham que pagar os jogadores que perdiam. Depois íamos jantar". Vítor Pereira também dá muita atenção ao "treino individualizado e táctico". Aliás, essa era uma das suas funções na época passada.
Vítor Frade "Vive, respira e pensa futebol 24 horas por dia"
O FC Porto vai continuar a jogar um futebol atractivo e dominador. A garantia foi dada por Vítor Frade, professor de Vítor Pereira na Faculdade de Ciências do Desporto e da Educação Física do Porto (FCDEF) e, por isso mesmo, uma das vozes mais autorizadas para falar daquilo que se pode esperar do novo treinador portista. Vítor Frade, que na condição de adjunto de Bobby Robson, também deu as boas vindas ao FC Porto a André Villas-Boas, não tem dúvidas em usar os mesmos adjectivos que atribuiu ao actual treinador do Chelsea há cerca de um ano numa conversa com O JOGO. "Como disse há um ano, o talento, o verdadeiro talento, só precisa de uma oportunidade. O André teve a dele, e agora é a vez do Vítor que é um talento com um potencial tremendo", sublinhou, considerando a sua escolha para o cargo de treinador principal dos campeões nacionais "lógica para o clube, e a sequência natural para uma carreira em crescendo".
Vítor Frade foi o responsável pelo desenvolvimento da "Periodização Táctica", um método de treino que consiste em distribuir no tempo a aquisição de comportamentos inerentes a uma forma de jogar concreta, com o subjacente arrastamento das dimensões técnica, física e mental, que José Mourinho, André Villas-Boas e Vítor Pereira seguiram, embora com adaptações às ideias e conceitos de cada um.
De resto, o actual treinador do FC Porto "sempre se destacou" durante o tempo passado no FCDEF sublinha Vítor Frade. "É um daqueles treinadores que vivem, respiram e pensam futebol 24 horas por dia. É um grande talento que só estava à espera de uma oportunidade como esta para explodir" frisa Vítor Frade que augura o melhor para o novo treinador portista. "Tem todas as condições para ter sucesso e dar continuidade ao trabalho que tem sido realizado desde há vários anos pelo FC Porto", concluiu.
3 comentários:
Algo me diz que vai ser mais um caso de sucesso à Pinto da Costa.
Totalmente em sintonia. E vamos continuar a ganhar!
http://longara.blogspot.com/
Bom dia Sr Pinto,
Este é um grande voto de confiança num treinador jovem, que tem um percurso sempre em ascensão. Lembro-me dele treinar o Santa Clara, e ter feito um excelente trabalho, falhando por pouco a subida salvo erro em 2008/2009. Nesse ano acompanhei o Santa Clara porque tinha dois jovens valores do Porto, o João Dias e o André Pinto.
Nós adeptos confiamos nele, e penso que esta foi uma decisão correcta. O plantel conhece-o bem e assim não será mais um ano "instável" como em 2004/2005.
Para seu adjunto penso que deveríamos escolher algum ex jogador do Porto. Eu pessoalmente convidaria Rui Barros.
Abraço e bom S. João.
Paulo
Também concordo que é a escolha certa e na altura certa...Assim a novela do novo treinador durou pouco, acredito que será mais estável apostar na "continuidade" do que apostar em alguém que não esteja dentro do sistema. Já se tinha falado que um dos adjuntos poderia ser o Fernando Couto mas nunca mais se falou nisso. Eu apostava no Paulinho Santos para dar aquela mística especial que todos nos gostamos.
Cumprimentos e Bom S. João para todos
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