segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pré-época * FC Porto 1 - Ajax 0*

Crónica publicada no jornal "O Jogo"

Vinte minutos à Villas-Boas

Galeria de fotos in fotosdacurva.blogspot.com



JORGE MAIA * TOMAZ ANDRADE * PEDRO MARQUES COSTA

Estádio do Dragão

Árbitro Artur Soares Dias, auxiliado por Bertino Miranda e Bruno Rodrigues

FC Porto

Treinador André Villas-Boas

Helton (Kieszek, 45'); Sapunaru (Miguel Lopes, 45' e depois André Pinto, 85'), Sereno (Stepanov, 75'), Maicon (Castro, 90') e Emídio Rafael; Tomás Costa (Fernando, 45'), Belluschi (Rúben Micael, 45')e João Moutinho (Souza, 75'); Hulk (Ukra, 75'), Falcao (Farías, 85') e James (Rodríguez, 45').

Ajax

Treinador Martin Jol

Vermeer; Oleguer (Hyun Jun Suk, 81'), Alderweireld, Vertonghen e Anita; Enoh e Lindgren (Blind, 70'); Sarpong (Donald, 81'), Eriksen e Emanuelson (Ozbiliz, 89'); De Jong.

ao intervalo 1-0

Golos 12' James

CARTÕES AMARELOS 86' Vertonghen



Um pouco mais de quarenta mil portistas fizeram a difícil opção de trocar a praia numa das melhores tardes do Verão portuense pela oportunidade de verem a primeira amostra do novo FC Porto que André Villas-Boas andou a cozinhar durante a última semana na Alemanha. E o facto é que tiveram direito a uns bons vinte minutos de um FC Porto novo, mais rápido, mais pressionante, mais agressivo e mais positivo do que aquele a que se habituaram nos últimos quatro anos. De resto, viram o FC Porto ganhar ao Ajax, o que é sempre de assinalar, ainda que marcando apenas um golo, uma espécie de rendimento mínimo garantido durante esta pré-época. E, ainda no capítulo das notícias, desta vez não foi Hulk a marcar, embora o golo lhe tenha pertencido quase todo. Há que descontar o excelente passe de Belluschi a solicitar a explosão em velocidade do brasileiro que, apesar da pressão do guarda-redes Vermeer, nunca desistiu do lance. E também é preciso descontar o toque final para a baliza, de James, que se estreou a marcar pelo FC Porto. Mas o resto, quase tudo, voltou a ser de Hulk. Aliás, o brasileiro foi quase sempre a principal preocupação dos holandeses durante esses 20 minutos iniciais em que também foi possível perceber as parcerias que se começam a criar lá na frente entre Moutinho e Falcao ou entre Belluschi e Hulk, ele próprio. De resto, percebeu-se a consolidação de uma coluna dorsal que corresponde ao onze inicial com uma excepção evidente: Tomás Costa começou a trinco, mas a posição é mesmo de Fernando que, para além da eficácia defensiva de sempre, já cumpre as funções exigidas por Villas-Boas, assegurando o transporte de bola para o ataque. E se o jogo mudou de cara depois desses 20 minutos iniciais, foi em grande parte porque o Ajax leva mais 11 dias de trabalho e um jogo de preparação nas pernas, detalhes que nesta fase da pré-época fazem toda a diferença ao nível do ritmo e da capacidade física.

Curiosamente, mesmo sem ter sofrido golos, continuam a perceber-se problemas genéricos de entendimento na defesa. Passes falhados em zonas de risco, atrasos às cegas para zonas sob pressão e descoordenações na marcação à zona com que se enfrentam os lances de bola parada recordam amiúde a ausência dos quatro titulares da época passada (Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira) que ainda não integraram os trabalhos. Ainda assim, fica o registo de mais um teste positivo a uma equipa ainda em fase de construção.

André Villas-Boas não muda de sistema

Como começou
4x3x3

Com um onze onde, com excepção de Tomás Costa no lugar de trinco, André Villas-Boas parece ter escolhido os jogadores em melhor forma para cada posição, o FC Porto foi uma equipa pressionante e agressiva enquanto as pernas deixaram. Destaque para a capacidade de explosão de Hulk, decisiva no golo.

Como acabou
4X3X3

As substituições descaracterizaram a equipa, mas não lhe conseguiram roubar a identidade nem mexeram com o sistema de jogo: o 4x3x3 é a base de trabalho de André Villas-Boas. Destaque para Fernando, o melhor candidato à sua própria sucessão no lugar de trinco, posição que desempenha à Villas-Boas

Velocidade de Hulk foi decisiva no lance do golo

Hulk voltou a ser o grande dinamizador do futebol ofensivo do FC Porto. O brasileiro foi o único que não acusou o cansaço acumulado pela semana de estágio em Marienfeld e também não pareceu afectado pela viagem desde a Alemanha na sexta-feira, mantendo intacta toda a sua capacidade explosiva. Foi graças a ela que o FC Porto chegou à vantagem, num lance em que a velocidade do brasileiro foi crucial. Lançado por Belluschi e apesar da pressão do guarda-redes do Ajax, Hulk não desistiu do lance e fez o cruzamento na queima. Os holandeses reclamaram que a bola estava fora...

Os antigos um a um

Helton

Novamente seguro entre os postes e nas saídas aos cruzamentos. Boa defesa a um remate de longe. Continua sem sofrer golos.

Sapunaru

Tal como Emídio Rafael, surgiu poucas vezes no ataque no tempo em que esteve em campo. Cumpriu com as obrigações defensivas.

Maicon

Melhor do que Sereno, teve clarividência para sair a jogar quando foi preciso. Quando não teve espaço, tentou também o passe longo com medidas quase certas.

Tomás Costa

Foi o trinco titular. Bem posicionado, recuperou bolas e destacou-se naquilo que melhor sabe, ou seja, os passes. Muitas vezes defendeu à frente, pressionando o adversário e anulando as linhas de passe. Também foi verdade que em algumas situações perdeu o sentido de espaço e abriu brechas na zona defensiva.

Belluschi

Voltou a destacar-se em 45 minutos de jogo. Fez o passe para Hulk no lance do único golo e fez girar a equipa. Também pressionou o adversário.

Hulk

Foi a unidade mais perigosa do FC Porto e também a mais interventiva. O golo foi praticamente seu, porque acreditou que a bola não ia sair e depois cruzou para James. Com pujança física, rebentou com a defesa holandesa, mas, claro, também perdeu bolas, uma inevitabilidade derivada do risco na aposta em jogadas individuais.

Falcao

Continua sem marcar golos. Muitas vezes longe da baliza, quando esteve na área foi servido de forma deficiente.

Miguel Lopes

Atacou mais do que Sapunaru e, não fosse Hulk a tirar-lhe a bola, podia ter tentado o golo em plena área holandesa. Seguro a defender.

Fernando

Mais uma boa exibição do brasileiro. Cumprindo o desejo do treinador, saiu a jogar e distribuiu jogo com bons passes. E rematou à baliza uma vez.

Rúben Micael

Entrou com João Moutinho ao lado e acabou com Souza, tentando ter o controlo das operações. Na parte final ainda serviu Falcao na área, mas o lance perdeu-se.

Rodríguez

Mais solto, lutou com os adversários e disputou as jogadas até à exaustão.

Stepanov

Não foi colocado à prova no pouco tempo de utilização.

Farías

Escassos minutos em campo.

Os novos um a um

Moutinho por todo o lado

Sereno

Pareceu intranquilo na hora de decidir o tempo de entrada à bola e também hesitou em alguns passes. Tentou entender-se da melhor forma com Maicon e conseguiu subir de rendimento após o intervalo. Mas, é um facto, precisa de melhorar os níveis de concentração.

Emídio Rafael

Foi o único a completar os 90' e aguentou o ritmo. Apesar de um ou outro corte mais atrapalhado, não criou calafrios à defesa. A atacar, raras vezes passou da linha de meio-campo na primeira parte. Melhorou na segunda metade, mas decidiu mal nas duas vezes em que surgiu na área do Ajax.

João Moutinho

Dividiu o meio-campo com Belluschi, ora à esquerda, onde começou, ora à direita, tentando combinar com os extremos e servir o ataque, quase sempre de primeira. Melhorou na qualidade do passe na segunda parte, já com Rúben Micael ao lado, e quase sempre na direita. Também se evidenciou na pressão sobre o adversário e conseguiu mesmo algumas recuperações. Saiu debaixo de uma grande ovação.

James

Marcou o primeiro golo da época em casa. Encostado à esquerda, tem a tendência de flectir para o meio e surgir na zona de finalização. No entanto, apesar da excelente técnica, ainda não consegue ganhar metros com a bola nos pés.

Kieszek

Num livre e num canto optou da mesma forma, ou seja, socou a bola em vez de a agarrar.

Souza

Com Fernando em campo, ocupou uma zona mais adiantada do relvado e tentou construir jogo. Tem boa técnica.

Ukra

Sem tempo para mostrar o que mais sabe fazer: ir para cima dos adversários e alimentar o ponta-de-lança.

André Pinto

Uma desatenção na defesa.

Castro

Também sem tempo.

André Villas-Boas
"Parece difícil de acreditar que o Moutinho está aqui"



Galeria de fotos site oficial

http://www.fcporto.pt/AdeptosFanzone/GaleriasFotos/Jogos/gal_fcpajax_180710.asp

4 comentários:

dragao vila pouca disse...

Ainda estamos muito amarelinhos...

Do que vi concluí o seguinte: espero que os técnicos, junto com os dirigentes, definam rapidamente quem fica, quem sai e comecem a trabalhar uma equipa que, pela amostra, ainda estamos muito amarelinhos. O adversário era forte, está melhor entrosado e até começamos bem, ganhamos e não estava à espera de grandes coisas, mas passados os primeiros 15 minutos...Esperemos pelos próximos jogos, a começar pelo de hoje a oito dias, frente aos italianos da Sampdoria, equipa de qualidade e que está nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.


Um abraço

Dragus Invictus disse...

Bom dia amigo Dragão Vila Pouca,

Não tive oportunidade de ir ao estádio nem de ver o jogo.
O que vi foi o resumo na net.

Pelo que me disseram amigos, a exibição foi amarela e tremida como as riscas do novo e feio equipamento alternativo.

De facto ainda há que definir muita coisa relativamente ao plantel.
Sai Bruno Alves, Meireles e Fucile ou não???
O Farias, Tomas Costa, Guarin será que cabem neste plantel???

Pelo que leio das crónicas dos jogos de pré-época, Moutinho, Ruben Micael, Hulk, Falcao e James têm estado bem. Maicon e Sereno lutam por um lugar.

Realce para o Emídio Rafael que me disseram que esteve bem.

Abraço

Dragaopentacampeao disse...

Este primeiro jogo no Dragão soube-me a desilusão.

Entendo que será necessário muito trabalho para os jogadores assimilarem os novos processos, as novas concepções e métodos.

Confesso, no entanto, que esperava um pouco mais da equipa.

Nota-se alguma indecisão de AVB no que toca à escolha do plantel. Neste jogo foi bem evidente até pelo número de jogadores utilizados.

Independentemente de faltarem ainda jogadores influentes, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Álvaro Pereira, Raul Meireles e Varela, alguns dos quais certamente não farão parte do plantel, esperava que a equipa tivesse já a espinha dorsal mais delineada.

É cedo para tecer críticas mas contava mais de alguns reforços.

Sereno apresentou-se muito permeável, Emídio Rafael muito pouco ofensivo, Moutinho ainda pouco influente, James Rodríguez lento e nada atrevido e ainda pouco corajoso. Esperava dele mais arrojo no um contra um, que foi evitando.

Sapunaru e Tomás Costa foram iguais a si mesmos (fraquinhos)e Belluschi intermitente.

Está na hora de dar passos firmes rumo a níveis mais exigentes. O tempo começa a escassear.

Um abraço

Dragus Invictus disse...

Bom dia tens razão, ainda existem muitas incertezas e indefinições.
Espero que resolvam as situações pendentes quanto ao plantel.

O tempo começa a escassear, e temos já dia 7 de Agosto, um troféu para conquistar.

abraço