quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma vitória com excesso de confiança...


Mais um jogo mais uma vitória. Parece ser este o estado de espírito do FC Porto, sobretudo dos jogadores, que conquistaram mais uma vitória contudo hoje foi demonstrado excesso de confiança, que com um adversário forte, teria sido bem diferente.

O FC Porto entrou em campo em 4x4x3, com intenção clara de não fugir à postura que tem adoptado em quase todos os jogos, o de controlar e pressionar o adversário. De tal forma, que marcou muito cedo, logo aos 16 minutos, numa boa jogada de Hulk e na não menos boa finalização de Falcão, apesar de partir ligeiramente em posição irregular, que assim marca novamente nesta Liga Europa, onde curiosamente, tem mais golos marcados do que na Liga.

Mas até esse momento já o FC Porto dominava e criava perigo. Foi assim antes do golo e depois do golo até final da primeira parte. Do CSKA nada se viu na primeira parte, muito por mérito do FC Porto, pois na segunda parte, assistimos a um jogo um pouco diferente para melhor da equipa da casa.

Com uma vantagem de apenas 1 golo, o FC Porto apresentou-se na segunda parte menos pressionante, continuou nos primeiros minutos com o domínio, mas menos velocidade e pressionante. O segundo golo não aparecia e apareceu sim, o excesso de confiança e os erros sucessivos na defesa. Alvaro Pereira, Maicon e Sapunaru cometeram erros que poderiam ter custado muito caro. Villas Boas tinha respondido com 3 substituições quase consecutivas, saiu Hulk, Falcão e Belluschi para as entradas de Varela, Walter e Guarin, contudo, lá atrás sucediam lances de perigo para Helton, que curiosamente, até nem teve grandes problemas durante o jogo.

Em resumo, deu a sensação que a equipa estava partida ao meio. Muita ansia e vontade em chegar ao 2º golo e pouca concentração no sector mais defensivo, o que deveria estar em sintonia com os restantes sectores. Não se pode falar em arriscar para marcar um novo golo, mas sim, na falta de comunicação entre os sectores.

Foi talvez o jogo até hoje, que como adepto senti que poderíamos não ganhar o jogo. E em caso de golo do CSKA, muito dificilmente o FC Porto conseguiria voltar a marcar.

Villas Boas deverá rever alguns aspectos negativos deste jogo para que a equipa não passe por uma situação semelhante, principalmente, frente a adversários claramente ao alcance.

Independentemente destes aspectos, a vitória do FC Porto é clara e justa. Foi a melhor equipa em campo, a que mais dominou e a que mais ocasiões de golo criou. O resultado, desta vez, podemos dizer que ficou aquém da produção atacante.

Quanto aos destaques do jogo, pela positiva e para mim o melhor em campo, João Moutinho. Está claramente a subir de forma e a ser determinante na equipa. Acumula quase na perfeição a função de defender e atacar, misturando pelo meio, deliciosos pormenores técnicos. Hulk, fez novamente uma grande primeira parte, mas notou-se muita tranquilidade, ainda assim, de destacar a assistência para golo. Falcão, voltou a facturar e assim ganhar novo ânimo depois de alguns jogos sem marcar. Souza finalmente apareceu na posição de Fernando e esteve muito bem, tendo em conta a inexperiência.

Pela negativa, ninguém escapou na defesa. Na segunda parte, muitas desatenções, de todos, não que não tenham qualidade, mas derivado a excesso de confiança e pouca concentração.

Último destaque para Guarin, que à semelhança do que fez na Figueira da Foz para a Liga, voltou a entrar muito bem (estava ausente há muito tempo) destacando-se pela força, técnica e qualidade de passe.

Villas Boas, tem assim mais uma dor de cabeça para gerir. É muita qualidade no meio campo, onde apenas jogam 3 de início: Fernando, Guarin, Moutinho, Belluschi e Ruben Micael.

Esta vitória permite ao FC Porto manter o primeiro lugar e com o resultado do Besiktas, cavar uma diferença significativa para o 3º e 4º lugar, o que significa, que a qualificação poderá ficar já decidida nos 2 jogos com o Besiktas.

Para além da posição reforçada no grupo, o FC Porto soma a 11ª vitória, em 11 jogos oficiais, 26 golos marcados (média de mais de 2 golos por jogo) e apenas 4 sofridos (o FC Porto precisa de quase 3 jogos para sofrer um golo).



Próximo jogo para a Liga encerra uma sequência de 6 jogos e antecede uma nova paragem no campeonato, pelo que será fundamental, eu diria, crucial, vencer em Guimarães para dar o primeiro grande passo para a conquista do título de campeão nacional.

Ricardo Jorge

9 comentários:

Ultrasfcporto disse...

Amigo Portista, realmente acho que valeu o resultado sem dúvida uma vitória é sempre de louvar mal era. Mas a exibição poderia ser muito melhor, aliás esta temporada, já o praticamos o que aconteceu, desaprendemos? Ou está tudo bem assim?

Cumprimentos,
ultrasfcportomatosinhos

Ricardo Nuno Gonçalves Jorge disse...

Eu penso que o jogo com o Vitória de Guimaraes mexeu um pouco... tirar Hulk e Falcão, qd estavamos a ganhar apenas 1-0 e ainda faltava 20 e tal minutos foi claramente a pensar no vitória. Correu bem, pq ganhámos...
Concordo com esta gestão, mas não podemos correr tantos riscos... e hoje claramente tivemos perto de não ganhar um jogo, que seria quase um escandalo se não o fizessemos.
Mas é importante estas exibições para serem corrigidas.

Abraço,
Ricardo Jorge

dragao vila pouca disse...

Depois de um início de partida surpreendente, por parte dos búlgaros, que subidos no terreno, tentavam perturbar as saídas para o ataque do conjunto azul e branco e que durou pouco tempo, cerca de 5 minutos, o F.C.Porto tomou conta do jogo e jogando um futebol bonito, a toda a largura do campo, dominou, pressionou, marcou e podia ter chegado ao intervalo com uma vantagem mais dilatada, se na hora da finalização, não houvesse tanta precipitação, tanta sofreguidão e fossem escolhidas as melhores opções para fazer golo.
Foi, em resumo, uma primeira-parte de qualidade da equipa portista, um Porto do melhor e que não deixou o adversário colocar o pé em ramo verde. Não tiveram os jogadores do país de leste, nenhuma oportunidade de golo e isso diz tudo sobre o domínio e a exibição da equipa de André Villas-Boas.


Parecia, no início da segunda-metade, que o F.C.Porto vinha apostado em repetir o que de bom tinha feito na primeira e "matar" o jogo rapidamente, o que podia ter acontecido em duas boas possibilidades, uma por Falcao e outra por Rodríguez. Mas não foi assim: a partir dos 10 minutos, a equipa portista começou a pensar em Guimarães, abrandou, deixou de ser tão pressionante, teve algumas desconcentrações e podia ter sofrido um golo, o que pela qualidade do seu jogo e superioridade que tinha exercido, seria muito injusto.


Concluindo: mais uma vitória, a 11ª, justa, indiscutível, fruto de uma exibição muito boa na primeira-parte e início da segunda. Depois foi controlar e poupar, com as saídas de Hulk, Falcao e Belluschi.
2 jogos, 6 pontos e um pé na fase seguinte. Falta apenas um exame para a conclusão do 2º ciclo, não vai ser fácil, mas esta equipa está cada vez melhor, mais personalizada, mais competente, tem treinador e tem jogadores, para continuar em grande.


Como a exibição valeu pelo colectivo e não vi nenhum destaque particular, vou apenas falar de Souza - estreia a trinco -, Otamendi e Falcao.
Começando pelo marcador do golo: hoje sim, gostei do colombiano. Activo, a jogar simples, procurando a baliza, mas com discernimento, R.Falcao juntou ao golo, uma qualidade que tinha andado afastada. É, os avançados, quando marcam, parecem outros...
Otamendi: gostei muito mais hoje que frente ao Olhanense. Um central que joga à direita, à esquerda, com Rolando ou com Maicon e mostra qualidade. Com o argentino não há aquelas "paneleirices" que não se adapta ao parceiro, joga melhor sobre um lado ou sobre o outro... Quando se tem categoria, mostra-se logo e ponto final.
Souza: se alguém ainda tinha dúvidas da qualidade de jovem brasileiro, elas hoje ficaram dissipadas. Sempre bem colocado, sempre a dar linhas de passe, nunca se perturbando com a pressão e sabendo sair dela, este jovem, vai longe e é uma aquisição fantástica.

Um abraço

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Ontem apenas vi os últimos 15 minutos da 1ª. parte e a 2ª. parte.

Pelo que vi, o FC Porto teve sempre o jogo na mão, e não fosse alguma infelicidade na concretização poderia ter vencido por mais golos.

O nosso meio campo dominou e controlou o jogo.
João Moutinho cada vez mais é o patrão do meio-campo, acelera ou trava o jogo quando assim tem de ser.

Deixa me contente verificar que Villas Boas tem ali uns 15 jogadores sempre aptos a dar o contributo, sem que a equipa perca qualidade e competência competitiva.

Rodriguez, Souza, Ruben e Fucile sem serem titulares indiscutíveis são um garante de soluções, e que permitem a rotatividade do plantel.

Além destes, Villas Boas já começa a tentar ganhar ali um 3º. central para algum imprevisto, o que é necessário face à longa época que se avizinha.

Ainda há que contar com Guarin, que ontem surpreendeu ... nem parecia que vinha de uma lesão. Muito forte e audaz na disputa de bola, entrou muito bem no jogo.

O único aspecto que me deixa apreensivo neste plantel, é o facto de Walter ainda não se ter afirmado como alternativa a Falcao. Entra sempre muito lento no jogo, ainda não se adaptou ao futebol europeu, e por vezes parece perdido na frente de ataque.

Voltando ao jogo, partir de meio da segunda parte, Villas Boas a pensar na deslocação difícil a Guimarães, optou por fazer descansar os jogadores.

Foi uma vitória importante rumo ao apuramento.

Abraço

Paulo

Dragaopentacampeao disse...

Confesso que esperava um pedaço mais da exibição do FC Porto.

Depois de meia dúzia de minutos de arreganho búlgaro, a equipa tomou conta do jogo e pareceu indicar estar disposta a construir um resultado volumoso. O golo conseguido cedo e a fragilidade patenteada pelo adversário, sempre que os Dragões aceleravam o ritmo, mais disso me convenceram. Era evidente a diferença de andamento entre as duas equipas.

Contudo, o jogo, principalmente na segunda parte, tirando alguns fogachos com desperdício de boas oportunidades, descambou inexplicavelmente para a mediocridade, para os erros defensivos que só por falta de classe alheia não nos foram fatais, determinando uma exibição cinzenta onde apenas se salva o resultado.

Entendo que este grupo de trabalho tem a obrigação de juntar aos excelentes resultados, espectáculos de melhor qualidade.

Gostei da vitória, já da exibição...

Um abraço

Unknown disse...

Off topic:

Atênção às contas do SLB recentemente aprovadas.
Para uma SAD que, em 2009, estava em falência técnica, parece haver ali estória!
Alguém para investigar?

Um abraço
Pedro

Dragus Invictus disse...

Olá Pedro,

De facto a Benfica SAD estava em falência técnica, uma vez que tinha em 30 de Junho de 2009 capitais próprios negativos, como revelou o relatório e contas 2008/2009.

Deste modo como dispõe o artigo 35 do CSC, a Benfica SAD havia “perdido metade do capital social”, ou seja, a sua situação líquida (total dos capitais próprios) representava menos de 50 % do capital social.

Conforme dispõe o mesmo artigo 35 do CSC, nesse mesmo relatório e contas 2008/2009 a SAD do Benfica, teria de mencionar as medidas a tomar para suprir esta insuficiência de capitais próprios, e fê-lo mencionando que “o accionista Sport Lisboa e Benfica mantém a intenção de promover um aumento de capital através da entrada em espécie das acções detidas na Benfica Estádio e posterior fusão entre as duas sociedades como medida para cumprir o disposto no artigo 35.º do Código das Sociedades Comerciais”.

Medidas adoptadas para suprir a falência técnica: http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/FR26279.pdf

Ou seja, a Benfica SAD para suprir a insuficiência de capitais próprios decidiu aumentar o capital social da Benfica SAD através das acções da Benfica Estádio, fez uma fusão das duas sociedades, e adoptou mais um conjunto de “truques” contabilísticos legais entre sociedades do grupo Benfica, para fugir à falência técnica.

Esta reestruturação permitiu-lhes “lavar a cara” ao balanço saindo da situação liquida negativa, baixar o passivo em cerca de 90 milhões de euros - de 162,2 milhões para 72,5 milhões – no fundo “distribuiu o mal pelas aldeias”.

O aumento de capital será a opção aparentemente mais lógica para resolver a falta de capitais próprios. Há um senão, no futuro se a Benfica SAD se vir novamente confrontada com algumas dificuldades em obter o equilíbrio desejado entre capitais próprios e o capital social, vai ser um caso sério, e terá novamente de levar a cabo mais umas manobras contabilísticas para “lavar a cara” ao balanço!


Abraço

Unknown disse...

Olá Dragus,

Essas explicações "explicam" pouco.
Assim do "pé prá mão" ocorre-me, se a memória não me atraiçoa:

- Em 2009 a situação líquida da SAD era negativa, ie, activos não chegam para pagar passivo (únicas saídas possíveis: injecção de capital ou reavaliação de activos). Ainda estou à espera da explicação dos Bancos que financiam este escândalo quando, por muito menos gravidade, fecham as portas a empresas viáveis e mandam para o desemprego milhares!

OK, se calhar sou eu que estou a misturar informação do Benfica Clube e Benfica SAD. Mas então:

- Aumentaram o capital com a fusão da Benfica Estádio!? Suponho que então aumentaram os activos com o Estádio? Mas segundo A Bolha os activos desceram de 87M para 58M euros!Comé?

Hummm! muito mal contado!

Pedro
P.S. Continuo à espera da explicação dos Bancos. FDGP!

Dragus Invictus disse...

Olá bom dia Pedro,

Como disse, tudo isto foi uma engenharia financeira para lavar a cara ao balanço.

Eles através da reestruturação do grupo Benfica, passagem de activos, passivos, aumento de capital etc, conseguiram estes valores.


Pelo que sabemos existiam créditos (dividas a fornecedores, e dividas de clientes) entre empresas do grupo, daí as variações de activos e passivos.

"O Benfica Clube cede à Benfica SAD os créditos que detém na Benfica SGPS no montante de
29.293.150 euros, ficando a Benfica SAD com uma dívida ao Benfica Clube de 82.379.707 euros.

O Benfica Clube cede à Benfica Estádio parte dos créditos que detém na Benfica SAD para amortizar a
dívida líquida à Benfica Estádio no montante de 77.276.461 euros, ficando ainda com um crédito sobre a
Benfica SAD de 5.103.246 euros.

O Benfica Clube não fica com qualquer outra dívida com entidades do Grupo, tendo reduzido
significativamente o seu passivo no valor de 84.221.281 euros.

A Benfica SAD e a Benfica Estádio efectuam um encontro de contas, ficando a primeira a dever à
segunda um valor de 64.328.318 euros, o qual será pago ao longo do project finance, sendo que em
termos consolidados estas operações ficam anuladas."

Para saber compreender estes valores teríamos de saber em detalhe as operações, pois isto envolve imensos movimentos entre as empresas do grupo.

Abraço

Paulo