quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Palcos de Magia

Aquando da conquista do galardão atribuído pela European Club Association (ECA) para o maior feito não desportivo do ano, que premiou o Estádio do Dragão no âmbito das boas práticas ambientais, recordamos aqui a história da sua construção e alguns pormenores que fazem do nosso estádio uma referência internacional, sendo mesmo considerado um dos “25 Football`s Hallowed Grounds”.

Hoje vamos aqui recordar os outros palcos de magia onde o nosso clube escreveu páginas de glória e conquista ao longo destes 117 anos.

Campo da Rua da Rainha - 1906 a 1912



O Campo da Rua da Rainha foi o primeiro campo do Futebol Clube do Porto, que serviu de casa ao clube de 1906 a 1912.
Reactivado em Agosto de 1906 por José Monteiro da Costa, o FC Porto procurou de imediato um local onde construir as suas instalações desportivas. Junto à casa do refundador e presidente, na Rua da Rainha (cujo nome seria alterado após a Implantação da República para Rua Antero de Quental), havia um terreno alugado à Companhia Hortícola Portuense, do qual sobrava um espaço não cultivado. Decidiu-se aproveitá-lo, tendo Jerónimo Monteiro da Costa, pai de José, presidido à comissão instaladora. Construiu-se apenas um pequeno campo de 30x50 metros - o primeiro campo relvado em Portugal - mas ainda em 1906 os viveiros de plantas seriam transferidos para outro local, permitindo ao FC Porto criar um campo com as medidas oficiais rodeado de bancos para 600 pessoas e ainda uma pista de atletismo (para saltos e lançamentos), balneários e um bar.
Em 1907 a sede do FC Porto foi transferida da sua primeira localização, na Rua de Santa Teresa, para junto do Campo da Rua da Rainha. No mesmo ano foi acrescentado ao complexo um campo de ténis.
No final do ano de 1911 o FC Porto foi informado de que teria que desocupar o terreno da Rua Antero de Quental, para que no local fosse construída uma fábrica. A mudança para o Campo da Constituição realizar-se-ia cerca de um ano depois.


Momentos especiais


15 de Dezembro de 1907 - FC Porto x Real Fortuna de Vigo, primeira recepção de um clube português a uma equipa estrangeira. Desconhece-se o resultado.



2 de Abril de 1911 - FC Porto 3 x 1 Boavista, que garantiu a vitória na primeira edição da Taça José Monteiro da Costa, o primeiro título oficial da história do FC Porto.



Campo da Constituição - 1913 a 1952



O Campo da Constituição foi o principal recinto do Futebol Clube do Porto de 1913 a 1952.

No final do ano de 1911 o FC Porto foi informado de que teria que desocupar o Campo da Rua da Rainha, já que no local seria construída uma fábrica. Começou-se então a procurar um espaço adequado às novas instalações e com facilidade se encontrou um terreno próximo à Rua da Rainha (cujo nome havia já sido alterado, após a Implantação da República, para Rua de Antero de Quental), na Rua da Constituição. Em Julho de 1912 é dado o aval em assembleia-geral e o terreno é alugado por 350 escudos anuais. Nele é construído um campo de futebol, inaugurado no dia 1 de Janeiro de 1913 (embora o torneio oficial de inauguração tenha acontecido apenas entre os dias 26 e 28 do mesmo mês). A sede já havia sido transferida da Rua da Rainha para a Constituição em Novembro de 1912. Em 1914 é inaugurado um ringue de patinagem, que três anos depois é substituído por um campo de ténis.
Durante um largo período, o Campo da Constituição serviu também de casa a outros clubes, como o Salgueiros, o Vilanovense ou o Sporting de Espinho, a quem o FC Porto subalugava as instalações. Contudo, o FC Porto cresceu rapidamente e, em cerca de duas décadas, o Campo da Constituição tornou-se pequeno demais para o clube. Em 1933 foi apresentada em assembleia-geral a proposta de aquisição de terrenos para um novo estádio. O Estádio das Antas só ficaria pronto em 1952, pelo que, desde a década de 30 e até à inauguração do novo estádio, o FC Porto teve muitas vezes necessidade de jogar em campo emprestado, por vezes no Amial, do Sport Progresso, mas sobretudo no Estádio do Lima, do Académico.
Em 1952 deu-se a mudança definitiva para as Antas. A sede já havia sido transferida, em 1933, para a actual Praça General Humberto Delgado Avenida dos Aliados. O Campo da Constituição encontra-se ainda hoje em actividade, servindo de casa aos escalões de formação do FC Porto.



Momentos especiais


5 de Abril de 1921 - FC Porto 5 x 0 Real Madrid, em jogo amigável

23 de Abril de 1939 - FC Porto 3 x 3 Benfica, empate que garantiu a conquista do título na primeira edição do Campeonato Nacional

Estádio das Antas - 1952 a 2003




O Estádio do Futebol Clube do Porto, mais conhecido como Estádio das Antas, foi, como o nome indica, o estádio do Futebol Clube do Porto durante 52 anos.

Foi numa Assembleia Geral em 1933 que surgiu a proposta de construção de um novo estádio, já que o Campo da Constituição começava a revelar-se pequeno para o FC Porto. A proposta foi aprovada por unanimidade, mas só em 1937 começaram a ser tomadas medidas no sentido de concretizar o objectivo, com a criação de um empréstimo obrigacionista. Dez anos depois foi comprada uma área de 48.000 metros quadrados na zona das Antas, na parte leste da cidade do Porto. A primeira pedra foi lançada em acto simbólico em Dezembro de 1949, tendo a obra começado cerca de um mês depois.

José Bacelar, sócio nº1 do FC Porto na altura, pagou o salário do primeiro dia de trabalho a todos os operários. A solidariedade da população da cidade e da região para com o FC Porto ficou também marcada por dois cortejos de materiais, em que dezenas de camionetas, autocarros e furgonetas seguiram em cortejo para o estádio levando material de construção.

Ao longo do processo foi necessário comprar terrenos adjacentes aos originais, pois concluiu-se que 48.000 metros quadrados não seriam suficientes para o complexo desportivo que o FC Porto pretendia construir. Comprados os referidos terrenos, a área total ascendeu aos 63.220 metros quadrados. A capacidade original do estádio era de 44.000 espectadores, distribuídos por três bancadas - duas superiores e uma lateral. O lado leste do campo não tinha bancada, sendo chamado de Porta da Maratona.

No dia 28 de Maio de 1952 o Estádio do Futebol Clube do Porto foi inaugurado numa cerimónia pomposa que contou com a presença do General Craveiro Lopes, então presidente de Portugal. Urgel Horta presidia ao FC Porto na altura.







Modificações


1960 - inauguração da pista de ciclismo

1962 - inauguração da iluminação artificial

1976 - fecho da Porta da Maratona, ou seja, construção de uma bancada ao longo da lateral leste do campo, acrescida de um segundo anel - a arquibancada, que aumentou a capacidade do estádio para 65.000 lugares. estando apenas 30% da bancada encadeirada.

16.12.1986 - a capacidade do estádio aumentou para 95.000 lugares! rebaixamento do campo - a bancada avança na direcção do campo, substituindo a pista de ciclismo e atletismo.

Na década seguinte o estádio foi sendo gradualmente encadeirado - terminado o procedimento, a capacidade do estádio diminuiu para cerca de 55.000 lugares

O complexo

Quando se fala no Estádio das Antas, nem sempre se fala apenas no estádio em si; a expressão pode designar também todo o complexo desportivo que, ao longo das cinco décadas de existência do estádio, foi sendo construído à sua volta. Esse complexo incluía, entre outras coisas, o Pavilhão Américo de Sá (com capacidade para 7.000 pessoas), onde actuavam as equipas de andebol, basquetebol e hóquei em patins do FC Porto (a de basquetebol passaria a jogar no Pavilhão Rosa Mota em meados dos anos noventa), o Pavilhão Afonso Pinto de Magalhães, uma piscina coberta (utilizada quer pela equipa de natação do FC Porto, quer por utilizadores pagantes), três campos de treinos relvados, a primeira Loja Azul, o Bingo do FC Porto, a sala-museu do FC Porto, e a Torre das Antas, onde foi instalada a sede do FC Porto

Momentos especiais

19 de Outubro de 1977 - FC Porto 4 x 0 Manchester United, 1ª mão da 2ª eliminatória da Taça das Taças 1977/78


28 de Maio de 1987 - recepção, de madrugada, aos vencedores da Taça dos Clubes Campeões Europeus que chegavam directamente de Viena

13 de Janeiro de 1988 - FC Porto 1 x 0 AFC Ajax, 2ª mão da Supertaça Europeia 1987, vencida pelo FC Porto





22 de Maio de 2003 - recepção, de madrugada, aos vencedores da Taça UEFA vindos de Sevilha

Por outro lado, o dia mais negro da história do Estádio das Antas foi 16 de Dezembro de 1973, dia em que Pavão, grande jogador e ídolo dos adeptos, caiu por terra ao minuto 13 da jornada 13, contra o Vitória de Setúbal. Tinha apenas 26 anos.


O fim

O complexo das Antas começou a ser demolido em 2001; nessa altura, as equipas de andebol, hóquei em patins e natação do FC Porto passaram a competir em casa "emprestada": o Pavilhão Municipal de Santo Tirso, o Pavilhão Municipal de Fânzeres e a Piscina de Campanhã, respectivamente. Também a equipa de basquetebol deixou o Pavilhão Rosa Mota, passando a jogar no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos. Estas equipas continuam deslocadas mesmo após a inauguração do Estádio do Dragão, uma vez que este não inclui pavilhão nem piscina. Existe o projecto de um pavilhão a ser construído junto ao estádio, o Dragãozinho, mas que em Junho de 2007 ainda não saiu do papel.
O Estádio das Antas propriamente dito permaneceria intacto até à inauguração do Estádio do Dragão, em Novembro de 2003, e mesmo para além dela: devido a um grave problema com a relva do novo estádio, este não pôde começar a ser utilizado para jogos oficiais logo após a inauguração, pelo que o Estádio das Antas foi ainda palco de oito jogos oficiais, o último deles contra o Estrela da Amadora a 24 de Janeiro de 2004. A demolição começaria cerca de um mês e meio depois.

Balanço final

No Estádio das Antas o FC Porto jogou 1002 jogos, tendo vencido 803, empatado 119 e perdido 80.


 

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