
Poucas são as vezes em que não somos favoritos numa Supertaça Cândido de Oliveira, mas o facto é que, com alguma dose de naturalidade, esse estatuto de favorito foi dado ao então campeão em título. Nem sempre o que parece é, e o Porto deu, nesse jogo contra o benfica, provas que estava melhor, que tinha um grupo unido, já com uma filosofia de jogo diferente, com mais vontade de vencer, e cumpriu-se a tradição, lá veio mais um caneco para o Dragão, com justiça, pois fomos realmente eficazes, embora ainda longe da eficiência que se pretende numa equipa ambiciosa em que cada jogador tem que dar tudo pelo símbolo ostentado no peito.
A Liga Zon-Sagres começava com consecutivas vitórias do meu clube, facto que deixava antever que iríamos arrecadar o nosso 25.º título, penso que isso ficou logo bem patente com as exibições tranquilas e resultados volumosos. Só não sabia é que ia ver o Porto a dar 5-0 ao SLB pela 2.ª vez na História. Também não imaginaria que o nosso destino fosse ganhar o campeonato na Luz com um vergonhoso apagão no final dessa fenomenal vitória, água a surgir de baixo para cima, mas tudo isso foi aproveitado para enaltecer uma festa com um sabor delicioso. Nessa noite, fez-se luz ao fundo dos tão já famosos túneis, a luz dos novos heróis que pareciam imparáveis e eram, de facto. Os outros perderam o titulo humilhados em casa... Acontece, mas não a todos! E Campeões sem derrotas, alguém acreditava? Eu já acreditava em tudo, e tive mais essa imensa alegria, culminada com a nova taça que é radiosa, diga-se de passagem. Um campeonato limpinho para não mais esquecer.
Quanto à Taça da Liga, custou-me ver o Porto perder em casa com o Nacional, até porque foi a nossa primeira derrota da época em jogos oficiais, contudo, penso que foi incutida a ideia de menorizar aquele troféu e até acham piada ao facto de não lutar condignamente por essa competição. Eu, pessoalmente, fico furioso com essa atitude passiva porque qualquer competição interna o FC Porto tem obrigação de ganhar.
Foi baseado nessa obrigatoriedade que os Dragões não se deram por vencidos nas meias-finais da Taça de Portugal frente aos encarnados da 2.ª Circular, a duas mãos. A derrota por 2-0 na nossa casa, colocava as águias com uma pata na final, todavia, o FC Porto teve o mérito de contrariar todas as certezas e tivemos mais uma noite memorável num ninho que já se tornou o nosso salão de festas. Conseguimos humilha-los de novo, fomos iguais a nós próprios e a presença no Jamor é superiormente merecida. Amanhã lá estaremos!
Na Europa, fomos passeando os nossos pergaminhos, já que temos uma larga tradição nas competições internacionais. Dois nomes realçavam nesta Liga Europa: FC Porto e Liverpool. A equipa inglesa foi surpreendentemente eliminada pelo Braga, equipa portuguesa que "arrumou" outros grandes emblemas do panorama europeu, sendo que, nas meias finais, impediu os benfiquistas de terem o prazer de estarem presentes em Dublin. O Porto, por sua vez, depois de eliminar o Sevilha, o Spartak e o CSKA de Moscovo, sentenciou logo a 1.ª mão da outra meia final, ao derrotar em casa os espanhóis do Villarreal por 5-1, naquele que foi o melhor jogo de futebol que já assisti ao vivo. Tive essa honra. Na Final histórica, totalmente portuguesa, o jogo com o Braga não foi bonito, longe disso, mas valeu mais uma grande conquista para as vitrinas azuis e brancas, valendo o golo solitário de Radamel Falcao, para total felicidade de milhões de portistas.
Hulk, Falcao, Helton, Guarin e João Moutinho (a tal maçã podre) foram, a meu ver, as pedras que mais se destacaram numa das melhores formações que o FC Porto já teve. O jovem mister AVB conseguiu apagar o fantasma dos êxitos já distantes de Mourinho. Acima de tudo, é um portista de corpo e alma.
Porto, mesmo condenado com uma deficiência grave, nasceria de novo só para te ver jogar.
Manuel Costa, Maio de 2011
1 comentário:
Boa noite Manuel,
Fantástico post. Parabéns pela excelente retrospectiva da época que apresentaste neste excelente texto.
Um grande abraço
Paulo
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