Eu sei que a
minha opinião fará com que muitos dos meus leitores me recriminem. Muitos até me
dirão que eu estou como a raposa da fábula de La Fontaine, que olhou para as
uvas com desprezo, dizendo que estavam verdes, apenas porque não lhes podia
chegar.
Vem isto a
propósito de eu agora aqui afirmar que a recente saída de Hulk até poderá vir a
ajudar a equipa. E os tais leitores se rirão de mim, e afirmarão que só digo
tal disparate para conseguir ultrapassar a minha frustração de o ter visto
sair.
O facto é
que o Porto, na tradição que lhe deixou Pedroto, não apresenta jogadores do
jaez de Hulk, corpulentos, detentores de uma energia avassaladora, a quem caiba
o papel de carregar o resto da equipa atrás de si.
Em Basileia
não estava Hulk. Também não esteve em Viena, Tóquio, Amsterdão, Sevilha e Gelsenkirschen.
E, sem ele, o Porto brilhou como um cometa, fulgurante, em todas estas cidades.
Nas equipas
da “Era Pedroto” – de 1976 para cá – os jogadores apagam-se na sua individualidade,
para todos se realizarem num plano superior, que os transcende e plasma num
espírito de corpo indómito e vencedor. Aí nenhum jogador sobressai, nenhum é
responsável, sozinho, por coisa nenhuma. Aliás, a definição de “jogo de
futebol” é mesmo essa, a de «um jogo em que participam duas equipas, cada uma delas
constituída por onze jogadores que, combinadamente, tentam introduzir a bola na
baliza da equipa adversária».
Não me
parece pois que, no futebol moderno, seja adequado colocar um jogador, considerado
de nível superior, a carregar uma equipa ao colo, ou colocar dez jogadores a
jogar para um, que depois tenha que encontrar as soluções devidas ainda que
sejam miraculosas.
Hulk, na sua
pujança irrepetível, abria brechas em todas as defesas, como um cutelo, muitas
vezes acompanhado de uma pirotecnia de efeitos e soluções que, só por si,
empurrava as equipas do Porto para resultados históricos.
Hulk foi
único, e ainda bem que passou pelo Porto, para que o pudéssemos ver de perto.
Mas agora
que o Hulk saiu, e já não podemos contar com ele, aproveitemos essa
desvantagem, para nela vermos a vantagem de podermos voltar a jogar como
sempre, com uma defesa sólida, um meio campo assertivo, dois alas envolventes,
um ponta de lança imparável, uma equipa só, feita de jogadores que se apagam
para serem Porto, só Porto, sempre Porto, sempre ele, vencedor e altaneiro.
6 comentários:
Muito bem. Por isso mais me custou ver sair o Falcao no ano passado do que o Hulk neste ano. E devo dizer que mais me custaria ver sair Moutinho este ano e ficar Hulk. Uma força da natureza que só mesmo Pinto da Costa poderia trazer para o Porto e para a Europa dos confins do Sol Nascente. Obrigado Hulk, mas como ganhámos depois de Futre, Madjer, Gomes, Domingos, Jardel, Mcharty, Lopes, Lucho, também vamos continuar a ganhar sem ti. Naturalmente.
Boa tarde amigo Azulibranco,
Excelente post, eloquente e assertivo, e uma excelente análise à era pós-Hulk.
Os jogadores passam, mas o nosso clube continua na sua senda de vitórias ... e como disse Luís Vaz de Camões "...e se mais mundo houvera, lá chegara ...
Abraço
Paulo
Até podes ter razão, mas nesses exemplos todos esqueceste um pequenino promenor... Os treinadores, nenhum deles tinha vitor nem pereira no nome !!!
Jorge Rocha
Muito obrigado,Flama,pelo comentário, que subscrevo.
_________
Obrigado, Dragus, pelo seu elogio. Fico feliz por conseguir contribuir para o sucesso deste magnífico blog.
_________
Caro Anónimo:
Não seja mauzinho.
É verdade que Victor Pereira nos fez sofrer, no ano passado, com algumas teimosias suas e más decisões. Mas, no fundo, a verdade veio ao de cima e fomos campeões.
Vamos dar-lhe o benefício da dúvida, pelo menos por um tempo razoável.
Excelente analise! Sem duvida o Porto é Porto! E a história tem vindo a encarregar-se de dar razão aos que acreditam que no FCP os homens passam o clube fica!
Somos Porto!
De acordo,Dragonazul. Obrigado.
Enviar um comentário