Hoje recordamos aqui Fernando Pascoal das Neves, mais conhecido no mundo do futebol por Pavão, alcunha que advinha do facto de fintar os adversários de braços abertos.
Ao minuto 13 da jornada 13 daquele frio dia 16 de Dezembro de 1973, durante o jogo FC Porto - V. Setúbal, no mítico Estádio das Antas, corria o minuto 13, quando Pavão fez um passe para Oliveira, que se desmarcava na direita, e tombou sobre o relvado. Acabara de desaparecer uma das lendas do futebol português e do FC Porto.
Infelizmente, não vi Pavão espalhar magia pelos relvados, pois nasci em 1978, mas vejo o brilho nos olhos dos portistas que o viram jogar, cada vez que o recordam.
Por isso este post, para os que se lembram dele recordarem, e para os que nunca o viram saberem mais acerca deste jogador histórico do FC Porto que marcou uma geração
Fernando Pascoal das Neves, mais conhecido por “Pavão”, nasceu em Chaves no dia 12 de Agosto de 1947. Começou a jogar futebol no Desportivo de Chaves onde deu nas vistas e em 1964 foi jogar para os juniores do Futebol Clube do Porto. Logo no ano seguinte passou para a equipa principal orientada na altura por Flávio Costa, e fez a sua estreia a titular num jogo contra o Benfica com apenas 18 anos. Mas foi com a chegada do treinador José Maria Pedroto que Pavão ganhou de maneira definitiva a titularidade e para além de ser o jogador mais jovem do plantel foi o escolhido para ser capitão.
Pavão assim conhecido por fintar os adversários de braços abertos.
Ao minuto 13 da jornada 13 daquele frio dia 16 de Dezembro de 1973, durante o jogo FC Porto - V. Setúbal, no mítico Estádio das Antas, corria o minuto 13, quando Pavão fez um passe para Oliveira, que se desmarcava na direita, e tombou sobre o relvado.
"50 mil pessoas acabavam de ovacionar a sua última jogada. Foi Oliveira quem recebeu o seu derradeiro passe. Da relva para a maca, desta para o balneário e daqui para a ambulância que o conduziu vertiginosamente para o Hospital de São João - foi este, em resumo, o princípio e o fim do drama que enlutou a festa das Antas", resumia, no dia seguinte, o JN.
Após o desfalecimento de Pavão, o jogo continuou normalmente, sem que se soubesse o estado de saúde do médio. Após o apito final, os adeptos do FC Porto podiam festejar a aproximação ao 1.º lugar, com a vitória (2-0) sobre os setubalenses, então líderes da liga. Mas tinham um nó na garganta: Pavão.
Quando entrou no campo para socorrer o atleta, o médico José Santana viu que ele estava em coma, os colegas de equipa e os espectadores não se terão apercebido da gravidade da situação e o encontro prosseguiu. Pavão foi levado para o Hospital de São João, mas apesar de todas as tentativas de reanimação, não foi possível salvá-lo.
Ao intervalo, os altifalantes das Antas procuraram sossegar todos os que se encontravam no estádio, transmitindo a informação de que se tratara de uma congestão, mas os jogadores que estavam no banco de suplentes já sabiam a verdade. No final do encontro, alguém gritou para dentro de campo a trágica notícia. Não se celebrou a vitória e em vez de sorrisos foram lágrimas que se viram no relvado, nos bancos e nas bancadas.
Entre as lágrimas dos portistas - "meu deus, como é triste esta grande vitória" , chorava o defesa Guedes, o treinador sadino (e ex-dragão) José Maria Pedroto falava do "dia mais triste" da sua vida. "Tão bom e tinha só 26 anos. Vai fazer muita falta" resumia o treinador do FC Porto, Bella Gutmann.
Os dias seguintes foram de dor e consternação na cidade do Porto. 30 mil adeptos despediram-se nas Antas do camisola 6 do clube, estreado em 1965, numa vitória sobre o Benfica (2-0).
Cubillas chegou poucos meses após a morte do Pavão, em entrevista ao Mais Futebol recordou Pavão:
"A equipa estava bastante traumatizada. No balneário falava-se muito sobre ele. Lamentavelmente, não cheguei a conhecê-lo. Gritávamos o nome dele antes dos jogos, no balneário. Apercebi-me da sua importância dentro da equipa. Como é que alguém tão jovem morre daquela maneira?"
Quis o destino que o Pavão terminasse a sua carreira desportiva que fora fulgurante, aos 26 anos de idade.
Dizia-se que Pavão tinha como destino Inglaterra para jogar no Manchester United de Tommy Docherty. Ia tornar-se no primeiro grande emigrado do futebol português
Fica aqui a biografia digitalizada de uma publicação "Colecção Ídolos dos Desporto", datada de 16/03/1968, de Pavão ídolo do FC Porto e fantasista dos relvados de futebol.
Biografia de Pavão.
(Clique na imagem para visualizar)
4 comentários:
Faz hoje 37 anos que estava a ouvir o relato algures na fronteira de Moçambique com a Rodésia (Zimbabwe) e nunca mais me esqueci desse momento.
Paz à sua Alma.
Obrigado PAVÃO.
Pavão foi o meu primeiro ídolo. Vi-o jogar, ainda nos juniores, fiquei maravilhado e quando jogava à bola, na rua, tinha a mania que era o Pavão...
Infelizmente partiu cedo, em jogo que também vi.
Era um craque e faz parte do meu onze de eleição do F.C.Porto.
Um abraço
Assisti ao jogo,nunca mais me esqueci.
Não foi o melhor dos sorteios, mas temos plantel mais que suficiente para passarmos à próxima fase.
Um abraço.
Quanto ao poste, um excelente texto.
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